quarta-feira, dezembro 16, 2009

NAIS QUINTA

- Pô bóder, nais quinta a gente vamu fazê mó çurrascada legau!
-Legau mermô!
-Vai tudu mundu! Tudu mundu, véio!

-E o Kistianu, e o Kistianu, cára!
-Muntu comédia o cara,
aí ó, vô ti xamá pá tu í lá.
-Tu vai gostá muntu, cara!

-Num piciza levá nada naun, é só chegá!
-Tu é dos meu cara,
a parada tá limpa pá tu...

-Mais aí... na moral...
léva aquéla tua pima...
muntu gáta cara!
-A genti si amarramu néla, dimontaum...
muntu genti fina ela, cara
muntu genti fina! (...)       


(...e assim seguiu o assunto dos "manos", ouví-os por mais alguns segundos... o ônibus fazia a curva... e eu precisava descer...)


PS:  O som dessa conversa tirou-me da abstração do momento, não que fosse um som desconhecido aos meus ouvidos, apenas estava próximo demais e não poderia deixá-lo passar sem registro...

terça-feira, dezembro 15, 2009


POR SONS

Empelicada botoeira,
daí cabeleira,
em quisto sarrilho a ultimar virtude
gorjeia a vultuosidade nacionalista.

                              Orixá mutatório a zarpar oéssudoeste,
                              na condução de lato quadratura,
                              vem prestar parati como fruteira,
                              imenso tamarindeiro.

                             Exclamar hipertenso à gafe de hortelã,
                             mal intromissão venha turvar barba urtiga.
                             Fanerógamo aquecimento em desassimilação 
                             yang,
                             coloca rumo web, zinha lésbica.

                             Naturalizar, judaizar ou igualar jabuti
                             wagneriano,
                             vestido xeque em kit  Kw, tenta em ranunculáceo
                             xampu y, revigor saco.                    Suely Call       

MONOLOGANDO

... um belo dia se está em casa, sózinho,satisfeito, sem obrigações que de fato tenham força para  nos obrigar a fazer o que não acrescenta... aí..., surge a vontade de fazer algo divertido... e assim foi...Quando comentei o feito, fui julgada insana por tal entretenimento, ou seja,ficar  atrás de um dicionário, fazendo sorteio aleatório de palavras, que posteriormente se juntariam e  serviriam para finalizar a brincadeira em um "poema incomum"..., não foi entendido...,também, não era para ser,  era só para eu brincar...
Bem!  me diverti muito. O resultado foi batizado de  "Por Sons", que postei aqui.  O texto ficou bem longe da proposta atual, onde busco o menos... mas senti vontade de fazê-lo mostrar a cara, e por aqui ele está...

segunda-feira, dezembro 07, 2009

  LABIRINTO
... a origem da alma não se apaga,
até se acoberta...
quando intenções se camuflam...
.
mas o que de fato é,
escapole,e salta das sombras...

                                                                         Suely Call

quinta-feira, novembro 12, 2009

VERÃO CARIOCA

Derrete o chão que piso,
esquenta o ar nos pulmões,
desatina todos os dias,
coloca o corpo de quatro,
e a alma inativa.

Derrete o cérebro,
ofusca a visão,
me afogo na água
que nunca sacia,
e ainda ouço que isto é bom.

Suely  Call

TENTANDO DESAFINAR

Abri a boca,
e mostrei os dentes
ameaçando morder...
Fechei-a, arregaçando os lábios.
Mostrei os caninos,
para amedrontar a vida.

Um soco nas costas,
e uma rasteira,
de coleira no pescoço...
voltei a ser
bom moço.
                            Suely Call

REFLEXÕES

...Perry se foi, acabara de me apaixonar por ele quando
percebi que me apaixonara errado, julguei-o no primeiro Ato, não dei-lhe tempo...  Tempo de Observar...
Tive a sorte, no entanto, de percebê-lo no último Ato, e nesse momento minha compreensão se expandiu,  percorri uma vida em segundos...

Lá estava novamente Perry, à minha frente, como um anjo calado, não eram mais as palavras que me diziam ou ensinavam coisas, eram atos, seus atos...

Boquiaberta permaneci diante dele e enquanto relia sua ascensão, me curvava à sua sabedoria...
Nesse instante vi Perry, em sua imagem, a qual nunca havia visto, e fiquei com saudade... a paixão virou amor, e este, ficou calado, absorto na grandiosidade daquele homem...
Lendo e relendo os Atos,  foi como se o trouxesse de volta a cada domingo...
Ele está em mim, enquanto acreditar nisso.
                                                                            Suely Call


Tenho pensado na quantidade de palavras expostas por ai...
nem sempre as tantas me dizem tudo...
cada vez mais,menos me diz mais...muito mais...
não quero por hora, lambuzar o papel...
talvez seja apenas uma fase...



                                                         

                       
SEM   CEM

Palavra invisível,
papel em branco,
perfeição...
Tudo esta escrito,
sem ser redigido,
sem precisar...

Tudo está lá,
como os olhos,
que quando falam,
sem palavras dizem muito,
em certas horas,
dizem tudo...
mais do que cem palavras
poderiam.

                                 Suely Call

sábado, outubro 10, 2009

ALMA

A alma voa para casa,
não importa a trajetória...

A alma voa para casa,
não importa a casa...

A alma voa pela casa,
dentro e fora...

Agora, importa a casa,
agora é a alma da casa,
dentro e fora.

Suely Call

LA VIROSE

Estou doente,
de novo...
fazendo hemodiálise,
trocando do cérebro,
um sangue contaminado.

Estou doente,
de novo...
de outro jeito,
trocando-me no vazio,
flertando com o nada.

Estou,
de novo...
e essa doença não tem cura,
vim para viver.

Suely Call

PARTE "DEUX"

Pensei além...
pensei muito além,
além de tudo...

além do ter,
além desse pequeno ver,
além do próprio querer.

Entendi grande,
percebi maior ainda,
e me vi em meio,
fazendo parte...

Sorri por isso, mas,
não me livrei da dor,
mutei-a em dolorido,
para doer menos,
até passar,
estar além...

Suely Call

Conversa de fim de noite

...após alguns volumes do fermentado de uva, e antes que os mundos se misturassem, consegui validar a idéia de que preciso de menos palavras... defendi uma tese momentânea (visto nunca saber quanto tempo dura uma fase), onde as palavras deverão ser poucas, porém, terão como objetivo dizer tudo o que puderem e mais além...cansei das minhas muitas linhas e os textos criados desde maio deste ano, pois já não me dizem o mesmo... como não são conhecidos em sua maioría, posso  passar por mudanças... vagarosas, afinal, por que pressa..

Estarei postando hoje a nova fase, três textos, gostaría do retorno de quem os ler, é sempre bom opiniões construtivas que me ajudem a melhorar e crescer...

Como notícia "confidencial", estou apaixonada por um sujeito chamado Perry. Não sei quem é ele, mas sei que adora vinho, muito vinho e por isso acabou numa ilha deserta, perdido... creio que não daría muito certo nós dois, pois ele já passou da minha idade predileta para consumo...mas...quem sabe ele não é adorável!
vou esperar... enquanto isso...como(v.comer) palavras e leio sobre ele no blog de meu amigo (pauloazul.blogspot.com).

Um abraço à todos

terça-feira, setembro 15, 2009

ESTAÇÃO TERMINAL

-Vamos brincar, é primavera!
-Veja, tudo tão lindo!
Os jardins repletos de palavras
nos convidavam a colher pensamentos

-Vamos brincar!
- Faz tanto tempo que não saímos
numa tarde como essa!

-Venha!
-Esqueça títulos,
esqueça regras,
esqueça quem és...

-Venha!
-Vamos brincar antes que o sol se ponha,
as palavras sejam colhidas,
e os pensamentos não possam procriar...

-Vamos, venha!
-A vida quase está indo de nós !

Suely Call


sábado, agosto 29, 2009

ALADA

O vento frio gelava o rosto,
que gelava também a alma.
Ao longe se podia ouvir o latido dos cães,
buscando a caça.

Nascida alada, soltou já tarde
as faixas que encobriam tal natureza,
pela primeira vez, deixou que o sentimento
dos desejos cruzasse o portal da sensatez...

Os pés caminhavam no ar, quando Éolo lhe encontrou..
A música vinha como encantamento,
vivia nesse momento, plenamente, toda força do que era...

Ao longe, ainda o latido dos cães que buscavam a caça...
O vento frio igualou-se ao corpo,
ergueu então o olhar ao céu...e
livre das faixas que lhe encobriram por toda a vida,
percebeu que havía ido longe demais...

Não estava mais lá o medo,
apenas a trindade.
O Vôo,
a Vertigem
e o Solo...

Os olhos que procuraram o céu,
antes tão próximo,
cruzaram o umbral da verdade,
e o latido dos cães que buscavam a caça, ficaram visíveis.


Suely Cal



segunda-feira, agosto 03, 2009

VISÃO VIRTUAL

Não procuro ao que tem corpo,
procuro ao que tem mente...
em objetiva,
em objetivo.
Destituído de traço negativo,
quando sente,quando olha,
quando em  mente...

Não procuro ao que tem corpo,
mas ao que tem alma,
demente,
com traços positivos,
para o nada,
para o tudo,
inocente.

Tudo nasce na mente:

que cria, forma, mata ou deforma.
Tudo há, quando a mente crê,
ou tudo apenas mente...

Não procuro ao que tem corpo,
mas tenho-o em minha mente...


Suely Cal

domingo, julho 26, 2009

AUSÊNCIA

Vazio preenchido por dor não é vazio,
é escárnio.
Vazio preenchido por relance de felicidade não é vazio,
é felicidade breve, instantânea, fácil de desfazer...

Vazio preenchido por sonhos não é vazio,
é a única chance,
é o que se pode ter...

Vazio da sua presença não é vazio,
é esperança sem resultado,
ausência de felicidade,
é o que não se quería ter.

Suely Cal

domingo, julho 19, 2009

Carta ao meu Amor


Sei que andas por aí,
só não me encontrou
porque não percebeu ainda quem sou eu...

Enquanto sonhas com as beldades...
eu vou andando...
Não fico triste se não me percebes, afinal,
vim ao mundo da beleza, sem qualquer vestígio dela,
eu também não me vería !

Mas não importa, eu sei que andas por aí,
e é confortante, imaginar que existes...

Ainda não tens nome,
endereço ou documento,
e sequer posso supor tua voz... mas isso não me entristece,
sei que andas por aí!

Nada existe por enquanto, que verdadeiramente o identifique,
mas eu sei que existes! isso é maravilhoso !
mas...vai indo, eu vou por aqui, pelo meu caminho,
com a certeza desse nosso sentimento, igual a contemplar jóia na vitrine...

O vidro nos separa os mundos,
mas nem por isso deixamos de existir .
Nele,  fica retido a beleza do momento...
e assim seguimos..

Este é meu sentimento para contigo... 
não sabemos onde estamos, mas
em algum lugar
estaremos só de passagem,
então, brilhe em teu mundo,
eu no meu...

O universo é imensurável.
A matéria terrena morre, mas a essência não,
e esta  não manifesta  feios ou bonitos,
velhos ou novos
príncipes ou plebeus...
Apenas os sentimentos se procuram,
e assim meu amor , um dia vou poder finalmente te encontrar...
enquanto isso,

Até lá!

Suely Cal
Escrito em 12/05/09

terça-feira, junho 30, 2009


GUERREIRO

Nesse exato momento atravessa
minha carne afiado punhal...
Sinto um ardor penetrando em direção a alma.

Elipses, em metálicos tons de prata,
multiplicam-se em segundos ao
entorno da aura,
enfim o universo virá me abduzir.

Os joelhos se dobram de encontro ao
solo magenta,
a percepção mais fluída, capta
em 360º , o passado e o presente.

O silêncio é perfeito,
o frio, doce e envolvente...
Neste exato instante, o fim parece um sonho.

Suely Cal

quinta-feira, junho 25, 2009

Solstício de Inverno

Acordei a alma
enquanto o corpo jazia,
e apenas o notei.

Acordei a mente
enquanto a vida dormia,
e me interessei.

Sem que soubesse,sopraram os deuses,
magia naquela noite,
o cheiro do ar mudara,
as cores ficaram mais envolventes
e a densidade tornara-se tão tênue...

Naquele instante vidas se esboçaram mais próximas.
Abria-se o plano etéreo, derramando energias sutis,
permitindo identidades...

Consumou-se a expansão dos desejos criativos...
Por sorte, os deuses quiseram uma noite para brincar,
e eu estava nela, como num rito de passagem...
e se deu a conjunção.


quarta-feira, junho 24, 2009

CREPÚSCULO

...e ela se apaixonou aos 91 anos...
na contramão do tempo, dilacerando conceitos
contrariando a vida...
se apaixonou aos 91 anos, com uma paixão adolescente,
que corria pelo seu corpo, leváva-a à janela e fazia
brilhar seus olhos foscos...

Ela se apaixonou aos 91 anos,
uma paixão proibida de beijos furtados,
desejos escondidos.

Ganhavam os dias cores,
viver fazia sentido
-agora sim existiría por mais cem anos!

Se apaixonou aos 91 anos e foi correspondida,
contrariou as estatísticas,
derrubou qualquer preconceito,
se apaixonou e rápidamente nos deixou.

Estava mesmo só esperando para se apaixonar.
Entregou à vida, o infortúnio de não tê-la vencido.
Aos 91 anos, ela viveu a eternidade.

Suely Cal